Família Aguinaga
Alice Carvalho D'Ávila

    Alice Carvalho D'Ávila , filha de Antero Ferreira D'Ávila e Ana Delfina de Carvalho, nasceu no dia 19 de janeiro de 1891, em Pelotas, Rio Grande do Sul.

     Antero Ferreira d'Avila nasceu na Vila de Encruzilhada, Rio Grande do Sul, em outubro de 1845, filho de Antonio Ferreira d'Avila e Dª Theodora Maria de Oliveira.
    Aprendeu as primeiras letras na cidade de Pelotas e estudou os preparatórios em Porto Alegre, no Colégio Fernando Gomes, renomado estabelecimento de ensino onde passaram várias gerações de rio-grandenses notáveis.
    Em 1862, seguiu para São Paulo, matriculando-se na Faculdade de Direito, fazendo com brilhantismo o seu curso de ciências jurídicas e sociais e escrevendo em várias revistas literárias.
    Cursava o 4o ano quando foi convidado pelo então Presidente da Província de São Paulo, Desembargador Tavares Bastos, para ser seu secretário particular, lugar que exerceu até sua formatura.
    Regressando formado ao Rio Grande do Sul, permaneceu algum tempo na capital, colaborando então na "Reforma", um jornal local.
    Mais tarde abriu banca de advogado na sua terra natal, tendo aí servido como 1o Juiz Municipal do Município, Promotor interino, Inspetor Escolar e Vereador na Câmara.
    Foi, depois, eleito Deputado Provincial e em 1897, transferiu sua residência para Porto Alegre, onde exerceu cargos públicos de destaque.
    Em 1881, foi eleito deputado a Assembléia Geral, não chegando a tomar assento na Câmara por ter sido anulado o seu diploma, em conseqüência de mudanças políticas     Mudou-se para Pelotas, já casado com Ana Delfina de Carvalho d'Avila e teve quatro filhas: Aracy, Alaíde, Alice, Arina.
    Por serviços prestados na guerra do Paraguai foi agraciado com a comenda de Cavaleiro da Ordem de Cristo e a Câmara Municipal de Porto Alegre lhe conferiu em sessão solene, o titulo de benemérito por ter alforriado grande número de escravos à sua custa.
    Quando se operou a mudança de regime em 1889, já estava afastado da política e mudara-se para o Rio de Janeiro, vindo morar na rua General Bruce nº 95, São Cristóvão, onde faleceu no dia 8 de agosto de 1909.
    O livro "Homens Ilustres do Rio Grande do Sul", fls. 275/277 termina sua biografia com essas palavras :
"...foi um rio-grandense verdadeiramente notável pelo talento, pelo saber, pelo caráter e pelo coração".
    Sua filha Alice, gaúcha de Pelotas, tinha 20 anos quando se casou com Armando Aguinaga.

    Alice d'Avila Aguinaga e Armando Palhares Aguinaga casaram-se no dia 11 de janeiro de 1912, na igreja de N. S. da Conceição, na Gávea, ele com 22 anos e ela completaria 21 anos uma semana depois, no dia 19 de janeiro, conforme consta no Registro Civil da 9a Circunscrição, nas fls. 151 do livro 19.
    Casados embarcaram pelo trem da Central do Brasil para Lençóis, no interior de São Paulo. Recebeu do tio Lage 50 mil reis para ajudar no começo da vida.
    Depois de viagem estafante, mal o trem deixara a estação de Lençóis, os recém-casados tiveram experiência desagradável: toda a sua bagagem, com os pertences do enxoval e o necessário para se instalarem fora despachado para Lençóis, cidade do mesmo nome no interior da Bahia.
    O desastre foi amenizado por um casal de que se tornaram amigos, Sebastião e Romilia Azevedo que lhes forneceu o necessário para que pudessem aguardar o retorno da bagagem extraviada.
    Esse início serviu para mostrar que as coisas não seriam fáceis e o futuro lhes aguardava uma vida dura e trabalhosa. E assim foi.
    Os Paranhos possuíam uma fazenda na região, administrada por César Paranhos que se encarregou de apresentar pessoalmente o jovem médico aos outros fazendeiros para que cuidasse da saúde dos colonos.
    Lençóis, que mais tarde recebeu a designação de Paulista para diferenciá-la da cidade baiana do mesmo nome, fora fundada há poucos anos e oferecia vasto campo de trabalho para um médico que desejasse se empenhar na profissão. Não faltava a Armando Aguinaga ânimo para o trabalho e entusiasmo pela medicina, e dentro de pouco tempo não havia mãos a medir com a clientela que o procurava resultado de sua dedicação a todos, indistintamente. Alice, apesar da idade, tornou-se companheira eficiente na ajuda do trabalho mesmo quando os filhos começaram a aparecer.
    No parto de Fernando, em 30 de agosto de 1920, Alice passou muito mal, com infecção puerperal que obrigou sua remoção para São Paulo, centro de maiores recursos.
    Foi internada na Casa de Saúde Santa Catarina onde permaneceu por alguns meses, surgindo nessa ocasião a admiração e amizade de Armando pelas irmãs dessa ordem religiosa que perdurou por toda sua vida: influenciadas por ele, abriram no Rio de Janeiro a Casa de Saúde São José.
    Nesta altura já havia em Armando Aguinaga a determinação de voltar para o Rio de Janeiro. Com as economias conseguidas na clinica comprara uma fazenda, o Fachinal, constituída por mata formada por arvores de madeira de lei. Montou uma serraria e o dinheiro ganho permitiu-lhe comprar terreno barato, em um bairro que era só areal e mais tarde seria Copacabana.
    Vende sua fazenda em Lençóis para seu administrador Plínio Casale e muda-se com a família para a casa que mandara construir e que ainda não se encontrava de todo pronta, na Rua Nossa Senhora de Copacabana, nº 719.
    Foi gesto de coragem, iniciar nova carreira médica em grande centro, já com família numerosa.
    Neste inicio foi necessário levar vida modesta para que suas economias pudessem durar o máximo.
    Instalou consultório na Rua da Assembléia, nº 29, em um primeiro andar e começou a trabalhar gratuitamente no Hospital da Gambôa, que representava o que havia de melhor em serviços médicos.
    Estava lançado o desafio. Armando Aguinaga atira-se ao trabalho com fervor e dedicação que iriam fazer dele um dos médicos de maior proeminência na profissão e na especialidade durante toda sua vida, tornando-se paradigma de honra e dignidade.


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